Governança não é um assunto novo por aqui! Ela já apareceu em alguns textos do nosso blog. E recentemente ganhou destaque no artigo ESG e gestão financeira: saiba por que adotar as métricas de sustentabilidade. 

Mas a gente não queria parar por aí! A nossa meta era compartilhar ainda mais conhecimento sobre o tema, além da sua importância para as PMEs. E desse sonho, nasceu a 2ª edição do Analize Digital Experience: Governança nas Pequenas e Médias Empresas.

O evento online foi realizado no dia 24/05 e contou com a participação de dois profissionais incríveis: Michelle Basile, CEO da Acuratto Auditoria, e Diego Pires, Gerente Sênior de Auditoria da Ernst Young Auditores Independentes. 

Para complementar, nosso sócio e Diretor de Operações, Lúcius Reis, abriu espaço para perguntas e conversas em uma mesa de debates com os palestrantes.

Separamos as melhores partes do evento para você neste artigo! Continue lendo para aprender dicas exclusivas de Governança nas PMEs.

O que é Governança?

A governança é o conjunto de práticas que engloba o sistema pelo qual uma empresa é controlada e opera. Além disso, ela também estabelece os mecanismos pelos quais ela e seus colaboradores são responsabilizados. Ética, gestão de risco, conformidade e administração são todos elementos de governança.

Na prática, a governança corporativa implica na relação entre a administração da empresa, seu conselho, seus acionistas e outros stakeholders. Ela também deve fornecer a estrutura através da qual os objetivos da empresa possam ser definidos e monitorados.

Princípios da governança corporativa

Podemos dizer que os princípios da governança corporativa são:

• Transparência;
• Equidade;
• Prestação de contas;
• Responsabilidade corporativa.

Vamos aprender um pouco mais sobre cada um desses pontos?

Transparência

A comunicação não deve ficar restrita apenas ao desempenho econômico-financeiro, mas também contemplar outros fatores, como os intangíveis, que norteiam a ação empresarial e criam valor.

A divulgação e o acesso às boas práticas de governança incluem, entre outros:

1. Relatório anual da administração;
2. Fatos relevantes ao mercado;
3. Política de dividendos, reinvestimentos e de desmobilização;
4. Código de ética e código de conduta concorrencial;
5. Demonstrações contábeis com notas explicativas e publicação de relatórios (parecer) dos auditores independentes.

Equidade

• Tratamento justo e igualitário de todos os sócios e demais partes interessadas (stakeholders). 

• Requer alinhamento de interesses entre acionistas controladores, minoritários e administradores.

• Não são aceitas atitudes ou políticas discriminatórias.

Prestação de contas

Os agentes de governança devem prestar contas de sua atuação, assumindo integralmente as consequências de seus atos e omissões. Os eventos, relatórios e ferramentas relacionadas à prestação de contas incluem:

• registro das reuniões de sócios;
• planejamento estratégico e plano de negócios. 
• gestão transparente do orçamento de custeio e investimentos;
• avaliação de desempenho dos projetos relevantes, aprovados pelos sócios;
• gestão eficiente do fluxo diário de caixa e da previsão de caixa livre para os acionistas;
• divulgação de indicadores de desempenho empresarial quanto aos aspectos operacionais, lucratividade, rentabilidade e liquidez;
• demonstrações financeiras auditadas.

Responsabilidade corporativa

A responsabilidade corporativa envolve zelar pela sustentabilidade das empresas, visando a sua longevidade e função social que inclui, entre outros:

•  geração de riquezas e de oportunidades de emprego;
• qualificação e diversidade da força de trabalho;
• melhoria da qualidade de vida mediante ações educativas, culturais, assistenciais e de defesa do meio ambiente. 

A governança é aplicável às PMEs?

Sim! É claro que a implementação da governança em PMEs não se dá da mesma forma que em uma multinacional, por exemplo. Mas a necessidade de adaptações não significa que a governança corporativa não possa ser agregada nas práticas de gestão das PMEs.

Para startups, empresas familiares e PMEs, estabelecer um conselho profissionalizado e independente e outros aspectos da governança corporativa tendem a estar bem abaixo da lista de prioridades. Ainda assim, investir em governança corporativa é fundamental para o sucesso a longo prazo.

Através da governança é possível fortalecer a empresa e alinhar os interesses voltados ao mercado. Ou seja, através dela é possível garantir que todos na sua equipe contribuem para o crescimento do negócio.

Além disso, a governança também torna os processos administrativos mais transparentes, o que gera mais confiança e alinhamento entre todas as partes da empresa, desde os donos, até possíveis parceiros de negócio.

Ainda não te convenci? Então vou te apresentar 5 motivos para adotar melhores práticas, de acordo com Michelle Basile.

5 motivos para adotar boas práticas em governança

Se você é um gestor ou sócio de PME, tenho certeza de que o crescimento sustentável é um de seus objetivos. 

Acertei? Pois bem, essa conquista envolve uma série de ações que ficam mais fáceis de serem realizadas quando você é capaz de preservar e otimizar o valor do seu negócio!

Veja os 5 principais motivos para implementar a governança corporativa:

• Potencializa a capacidade de formulação estratégica da empresa, permitindo explorar oportunidades e mitigar os riscos.
• Facilita e contribui para o processo de tomada de decisões, reduzindo riscos de fraudes e  agregando valor à empresa. 
• Proporciona visão positiva da organização pelos stakeholders.
• Reforça a confiança dos financiadores e facilita o acesso a recursos financeiros e a identificação de melhores condições de negócios junto a clientes, fornecedores, bancos, investidores e potenciais parceiros. 
• Auxilia no recrutamento e retenção de colaboradores e reforça positivamente a marca, imagem e outros intangíveis empresariais.

Em suma, tudo se resume à estabilidade e responsabilidade. O objetivo da governança corporativa é garantir que sua organização seja responsabilizada no cumprimento de seus deveres.

Ou seja, os investidores sabem que podem confiar em você com seus fundos; os clientes sabem que podem acreditar em você para fornecer serviços que valham a pena, e seus stakeholders internos podem ter certeza de que os fundos serão administrados de forma justa e honesta.

Governança nas PMEs: por onde começar?

1. Controle

Comece adotando mecanismos e órgãos de controle visando manter um sistema de informações, controles gerenciais fidedignos e processos operacionais e administrativos eficazes. Isso vai facilitar o seu acompanhamento e corroborar com a transparência em suas ações.

2. Normas internas

Estabeleça sistema de regras para si e para os familiares, gestores e colaboradores da empresa evitando conflito de interesses.

3. Conselho Consultivo

Crie Conselho Consultivo com funções de aconselhamento aos sócios.

O Conselho Consultivo é um grupo formado por profissionais que agregam conhecimento e experiência à visão dos acionistas, executivos e da equipe de gestão.

Ele se torna ainda mais importante para PMEs, principalmente aquelas cujos administradores não têm tanta experiência em gestão.

4. Conselho de Família

Sua PME é um negócio familiar? Então, implementar um Conselho de Família deve fazer parte do seu checklist. Caberá a este conselho promover o entendimento e a coordenação dos membros da família sobre os negócios da empresa.

5. Se prepare para emitir relatórios financeiros

Os relatórios são uma parte importante dos seus esforços em promover a responsabilidade e a integridade da sua organização. 

Você deve garantir que a emissão de relatórios financeiros seja uma prática consistente, tanto em termos de frequência quanto em relação aos métodos e práticas que você usa. 

Mesmo que você tenha apenas um auditor externo revisando tudo uma vez por trimestre, isso pode ajudar a solidificar a responsabilidade financeira em sua organização.

5 principais desafios da implementação da governança nas PMEs

Agora que você já sabe por onde começar a sua implementação, é hora de conhecer quais serão seus principais desafios.

Não, meu objetivo não é te desanimar! Muito pelo contrário. Quero garantir que você estará munido de todas as informações necessárias para finalizar a implementação com sucesso. Vamos nessa!

1. Profissionalização da administração

Nem toda empresa é criada por pessoas com formação nas áreas administrativa, financeira e contábil. E não há nada de errado nisso! No entanto, se você quer garantir que seu negócio tenha tudo o que precisa para crescer, é importante contar com esse tipo de conhecimento na equipe.

Dependendo da sua realidade financeira, é possível pensar em investimentos no time e capacitações. Já aqueles que têm um orçamento mais apertado podem recorrer aos materiais e cursos gratuitos disponibilizados pelo SEBRAE.

2. Planejamento de carreiras e sucessão

É muito comum que PMEs foquem muito em realizações a curto e médio prazo, pensando na sua sobrevivência. Uma das consequências é a falha no planejamento de carreiras e sucessão.

Pode parecer um detalhe pequeno, mas empresas que não possuem um planejamento de carreiras estruturado perdem talentos. Afinal de contas, seus colaboradores desejam ser reconhecidos através de promoções e evoluções em seus cargos.

Outro ponto importante, é que nem todos os chefes de PMEs preparam seus sucessores. O que pode impactar no crescimento e o futuro do negócio.

3. Contabilidade como base das decisões financeiras e estratégicas

Se você ainda não usa suas demonstrações contábeis como base para uma tomada de decisão mais estratégica, comece já!

Esses relatórios fornecem informações sobre a posição patrimonial e financeira da empresa, seus fluxos de caixa e seu desempenho financeiro como um todo.

Através das informações reunidas nas demonstrações contábeis, os gestores e leitores consultam os resultados obtidos pela administração. É como se o documento contasse uma história, mostrando as causas e efeitos do uso de recursos pela gestão responsável.

4. Sistemas de TI integrados e voltados para o negócio

Calma, isso não significa que precisa sair assinando todas as ferramentas de ERP disponíveis no mercado. Primeiro, estude seu negócio e mapeie quais processos podem ser melhorados e como.

Depois, estude as soluções disponíveis no mercado e os planos e serviços que elas oferecem para empresas com o seu perfil. Com isso em mente, fica muito mais fácil entender quando e qual sistema contratar. 

5. Resistência dos sócios às mudanças conceituais, culturais e estruturais

Nenhuma mudança vem sem resistência, especialmente uma que afeta tantos setores como a implementação da governança corporativa. Por isso, é importante que você se mantenha firme e não desista!

Tenha em mente que, embora sua governança corporativa possa parecer simples por enquanto, ela deve ser construída de forma que facilite o crescimento, tanto em termos de sua estrutura de governança quanto de seus negócios como um todo.

Lembre-se: seus processos de governança devem acompanhar o crescimento do negócio

Tenho certeza de que as dicas que compartilhamos com você acima vão te ajudar a dar os primeiros passos de implementação da governança nas PMEs. No entanto, não poderíamos finalizar esse texto sem te dar um conselho: revise sua estratégia de governança frequentemente.

Lembre-se de que conforme sua empresa cresce, sua estrutura também cresce. Na prática, isso significa que garantir transparência e conformidade em todos os níveis vai ficar cada vez mais difícil.

Com isso em mente, você deve revisar suas estratégias de governança corporativa e estrutura geral periodicamente. Ao aplicar esses princípios e revisá-los rotineiramente, você preparará sua empresa para um crescimento contínuo – agora e no futuro.

Continue aprendendo sobre governança nas PMEs!

Quer continuar aprendendo sobre governança nas PMES? Assista a gravação da 2ª edição do Analize Digital Experience! Clique aqui para acessar o vídeo.