As ações em tesouraria no Balanço Patrimonial de uma empresa são um ponto importante. Elas são ações que a própria empresa emitiu e depois comprou de volta, mas que ainda não foram canceladas ou revendidas.

Vamos entender melhor esse assunto? Continue a leitura e confira: 

- O que são ações em tesouraria?

- Por que empresas recompram suas próprias ações?

- Como as ações em tesouraria no Balanço Patrimonial funcionam?

- Quais são os impactos das ações em tesouraria nas outras demonstrações financeiras?

- Como fazer as notas explicativas para ações em tesouraria?

- Use o Analize para fazer suas demonstrações contábeis e notas explicativas!

O que são ações em tesouraria?

As ações em tesouraria são aquelas que uma empresa emitiu e depois recomprou no mercado aberto. Elas permanecem no ativo da empresa, mas não permitem: direitos a dividendos, de voto e não são consideradas no cálculo do lucro por ação. Essas ações podem ser mantidas pela empresa para diversos fins estratégicos.

Por que empresas recompram suas próprias ações?

Existem várias razões pelas quais uma empresa pode decidir recomprar suas próprias ações, incluindo:

- Manter o controle: quando a empresa recompra suas ações, ela reduz a quantidade que outras pessoas podem comprar. Isso ajuda a manter o controle da empresa com seus atuais donos e gestores, evitando que alguém tente tomar o controle da empresa;

- Aumentar o valor das ações: menos ações disponíveis no mercado podem fazer com que o valor das restantes suba. Isso é bom para os acionistas porque suas ações passam a valer mais;

- Planejar o futuro: a empresa pode guardar essas ações para usá-las mais tarde. Elas podem ser oferecidas como incentivo para funcionários ou usadas em futuras aquisições de outras empresas;

- Passar confiança ao mercado: quando a empresa recompra suas ações pode ser um sinal de que ela acredita que suas ações estão baratas e que o futuro da empresa é promissor. Isso pode aumentar a confiança dos investidores na empresa.

Como as ações em tesouraria no Balanço Patrimonial funcionam?

As ações em tesouraria no Balanço Patrimonial são apresentadas como uma redução do patrimônio líquido. Isso ocorre porque a recompra de ações é vista como uma devolução de capital aos acionistas. Veja como isso se reflete no balanço:

- Registro da compra: quando a empresa recompra suas ações, o valor pago por elas é registrado como um débito na conta de "Ações em Tesouraria" e um crédito na conta de "Caixa" ou "Equivalentes de Caixa";

- Apresentação no patrimônio líquido: as ações em tesouraria aparecem como um valor negativo dentro do patrimônio líquido, diminuindo o total dele.

Exemplo prático de ação em tesouraria no Balanço Patrimonial

Imagine que a Empresa XYZ decide recomprar 1.000 de suas ações a R$ 50 cada. O impacto no Balanço Patrimonial seria:

- Débito: R$ 50.000 na conta de Ações em Tesouraria;

- Crédito: R$ 50.000 na conta de Caixa.

No patrimônio líquido, as ações em tesouraria apareceriam como uma redução de R$ 50.000.

- Leia também: Análise de balanço patrimonial: importância e metodologia

Reemissão ou cancelamento

A empresa pode decidir reemitir as ações em tesouraria no futuro. Ela tem algumas opções: vender novamente no mercado ou optar por cancelá-las, o que reduz permanentemente o número de ações em circulação. Cada escolha tem suas próprias consequências.

- Reemissão: se as ações são reemitidas, o valor recebido é registrado como um aumento no patrimônio líquido;

- Cancelamento: se as ações são canceladas, elas são removidas do Balanço Patrimonial e o capital social é ajustado.

Quais são os impactos das ações em tesouraria nas outras demonstrações financeiras?

Além do Balanço Patrimonial, a recompra de ações em tesouraria podem impactar outras demonstrações financeiras contábeis, como a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL)  e, indiretamente, a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Vamos explorar como isso acontece:

1. Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC)

A recompra de ações tem um impacto direto na DFC, especificamente na seção de fluxos de caixa das atividades de financiamento. Ela aparece como uma saída de caixa nas atividades de financiamento, reduzindo o caixa disponível da companhia.

- Leia também: Fluxo de caixa direto e indireto: principais diferenças e melhor escolha para o seu negócio

2. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL)

A DMPL reflete as mudanças no patrimônio líquido ao longo do período, incluindo a recompra de ações. Ela mostra a movimentação das contas do patrimônio líquido, incluindo a dedução do valor das ações em tesouraria.

3. Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)

Embora a recompra de ações não afete diretamente a DRE, ela pode ter impactos indiretos, especialmente no lucro por ação (LPA). Ao reduzir o número de ações em circulação, aumenta-se o LPA.

Cálculo do LPA:

O LPA é calculado como o lucro líquido dividido pelo número médio de ações em circulação.

- Antes da Recompra:

- Lucro Líquido: R$ 1.000.000

- Número de Ações em Circulação: 100.000

- LPA: R$ 10,00

- Depois da Recompra:

- Lucro Líquido: R$ 1.000.000

- Número de Ações em Circulação: 90.000 (100.000 - 10.000)

- LPA: R$ 11,11

Como fazer as notas explicativas para ações em tesouraria?

Para ações em tesouraria, essas notas explicativas devem incluir informações sobre a natureza das transações, a quantidade de ações recompradas, o valor pago, e outros detalhes relevantes. 

Na nossa plataforma Analize, você pode facilmente configurar um módulo cheio de automações e verificações. Isso ajuda a padronizar as notas explicativas que acompanham suas demonstrações contábeis. Assim, todo o processo fica mais rápido e fácil de entender.

Qual conteúdo deve estar nessas notas explicativas de ações em tesouraria

- Natureza das transações: explica o motivo da recompra de ações. Por exemplo, pode ser uma estratégia para aumentar o valor das ações restantes ou para consolidar o controle acionário.

- Quantidade de ações: quantas foram recompradas e estão mantidas em tesouraria;

- Valor pago: quanto a empresa gastou para recomprar as ações, detalhando o preço médio por ação e o custo total da recompra;

- Impacto no patrimônio líquido: mostrar como a recompra das ações afetou o patrimônio líquido da empresa, explicando que o valor pago pelas ações em tesouraria é subtraído do patrimônio líquido total.

- Política de recompra: descreva as políticas da empresa para a recompra e a reemissão de ações, explicando as diretrizes internas que orientam essas operações.

- Possíveis planos futuros: indique o que a empresa planeja fazer com as ações em tesouraria no futuro, como reemissão ou cancelamento.

Ressaltamos que esse artigo sobre recompra de ações é voltado para fins acadêmicos, não consiste em recomendação e portanto não representa parte ou todo de qualquer lei ou normativo contábil. Também não representa a opinião do Analize ou de um de seus sócios. Cada empresa deve avaliar o real motivo de recompra de ações e esses estão sujeitos às leis e normativos contábeis do qual a empresa se enquadra ou está inserida. 

Exemplo de nota explicativa

Aqui está um exemplo completo de como uma nota explicativa sobre ações em tesouraria pode ser redigida.

“Nota 10: Ações em Tesouraria

Durante o exercício de 2023, a Empresa XYZ recomprou 10.000 de suas próprias ações ordinárias a um preço médio de R$ 50,00 por ação, totalizando R$ 500.000. As ações recompradas estão registradas como uma dedução no patrimônio líquido.

Em 31 de dezembro de 2023, a empresa possui 10.000 ações em tesouraria, representando um total de R$ 500.000. As recompras foram realizadas como parte de uma estratégia de valorização das ações e de controle de participação acionária. A administração está avaliando a possibilidade de reemissão dessas ações no mercado ou seu cancelamento em um futuro próximo.”

- Leia também: Exemplos de notas explicativas: como facilitar o seu preenchimento

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*Imagem de capa: Envato