Se você é gestor em uma micro ou pequena empresa, o risco de liquidez precisa estar sempre no seu radar. De acordo com o estudo “Fatores condicionantes do risco de liquidez em micro e pequenas empresas” (2008):
"As MPEs são atrativas do ponto de vista de rentabilidade, mas devido às deficiências na gestão financeira de curto prazo, operam em alto risco de liquidez, o que as deixam suscetíveis a imprevistos comuns à natureza dos negócios”.
Através deste artigo, esperamos preparar você para lidar com os riscos de liquidez e entender como eles podem impactar o resultado financeiro da sua empresa. Vamos nessa?
Risco de liquidez é a impossibilidade de vender um determinado ativo pelo valor desejado, no momento necessário. Não entendeu? Calma, a gente simplifica.
Imagine que a sua empresa comprou um ativo. E, para conseguir cumprir com as obrigações financeiras de dezembro de 2022, esse ativo precisa ser vendido até outubro por determinado valor.
Nesse caso, o risco de liquidez é a impossibilidade de esse ativo ser vendido quando você precisa ou no valor desejado — em alguns casos até mesmo ambos!
Dessa forma, quando pensamos em ativos financeiros, podemos dizer que, quanto mais rápido e fácil for vendê-lo (sem que haja grande desvalorização), maior será a sua liquidez.
Agora que você entendeu o conceito básico, podemos passar para o próximo passo: entender como funcionam os riscos de liquidez.
Como mencionamos brevemente no tópico anterior, ativos financeiros podem possuir um alto ou baixo risco de liquidez. Mas, afinal, o que determina esse grau de liquidez?
Podemos dizer que essa conceituação está atrelada a uma série de fatores, dentre os quais podemos o tempo necessário para transformar esse ativo em dinheiro, sem a sua desvalorização.
No entanto, existem outros fatores que também devem ser considerados. Vamos conhecê-los?
Ativos com alto risco de liquidez são aqueles que podem levar um tempo considerável para serem vendidos.
Geralmente eles já possuem uma data fixa muito distante para o resgate ou só podem ser liquidados caso o investidor baixe consideravelmente o valor do ativo, o que pode significar ausência total de lucro ou até mesmo prejuízo!
Imóveis são o maior exemplo de alto risco de liquidez. Isso porque além do processo de venda ser longo e burocrático, fatores como localização, mercado imobiliário e cenário econômico afetam diretamente a sua capacidade de transformá-lo em dinheiro na conta.
Pense bem, tenho certeza que você conhece alguém que precisava de dinheiro rápido e acabou baixando o valor do imóvel para acelerar a venda.
Em contrapartida, os ativos financeiros de baixo risco de liquidez são aqueles que podem ser transformados em dinheiro com facilidade relativa.
Dentre os investimentos mais buscados nessa modalidade podemos destacar os CDBs de liquidez diária, que podem ser vendidos quando o investidor desejar e são resgatados em poucos dias.
As definições que vimos até agora são influenciadas por dois tipos de riscos de liquidez: o risco de liquidez de mercado e o risco de liquidez de financiamento. Aprenda a diferenciá-los!
Dizemos que há risco de liquidez de mercado sempre que houver risco de o ativo não ser vendido no mercado sem incorrer perda.
O risco de liquidez de financiamento acontece quando a empresa não consegue arcar com as suas obrigações financeiras por falta de captação.
No entanto, esse risco pode ser facilmente mapeado com uma rápida análise dos demonstrativos financeiros da instituição em questão. Confira os artigos listados abaixo e saiba como identificar esses riscos de liquidez:
Nem sempre dá pra fugir dos riscos de liquidez. Por isso, mais que evitar investimentos em ativos de alto risco, é importante estar preparado para gerenciar o risco de liquidez.
O cuidado mais básico você deve ter aprendido ainda em casa, com seus pais ou avós que é: não coloque todas as suas moedas em um único potinho.
No mundo dos investimentos, isso significa diversificar a sua carteira de investimentos.
Ao fazer isso, você garante que a empresa possua ativos de alta e baixa liquidez. De modo que garante investimentos com rendimentos mais atrativos, ao mesmo tempo em que possui uma reserva para emergências que pode ser resgatada com facilidade e sem desvalorização.
A melhor forma de evitar ou estar preparado para lidar com os riscos de liquidez é ter um bom planejamento financeiro.
A partir dele fica mais fácil entender o fluxo de entradas e saídas de capital, delinear cenários pessimistas e se preparar para ocasiões em que o resgate de ativos financeiros pode ser necessário.
Existem quatro indicadores desenvolvidos para medir o risco de liquidez. São eles:
A partir da Liquidez Corrente é possível identificar a capacidade que uma empresa possui de honrar seus compromissos. Esse indicador pode ser calculado a partir da fórmula: Índice de Liquidez Corrente = Ativo Circulante / Passivo Circulante.
É muito comum confundir a Liquidez seca com a Liquidez corrente. No entanto, a diferença entre esses indicadores é que a Liquidez seca o estoque não consta no cálculo como ativo circulante.
Nesse caso, a fórmula utilizada é: Liquidez Seca = (ativo circulante – estoque) / passivo circulante.
Quando a Liquidez Seca for superior a 1 o capital e as obrigações são equivalentes.
A Liquidez imediata é usada para medir a capacidade de pagamento imediata da empresa, considerando apenas contas bancárias, investimentos a curto prazo, entre outros.
A Liquidez imediata pode ser calculada a partir da fórmula: Índice de Liquidez Imediata = Disponibilidades / Passivo Circulante.
Quando a Liquidez Imediata for igual a 1, significa que os recursos disponíveis em caixa, incluindo as aplicações financeiras com liquidez, e as obrigações da empresa são equivalentes.
Com o indicador de liquidez geral é possível medir os ativos e passivos que integram o balanço patrimonial. A partir disso, é possível verificar se a empresa está ganhando ou perdendo liquidez ao longo do tempo.
Para isso, usa-se a fórmula:
Liquidez Geral = (Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo) / (Passivo Circulante + Não Circulante)
Se o resultado obtido for igual a 1, significa que os ativos e as obrigações da empresa são equivalentes.
No blog do Analize toda semana tem conteúdos novos sobre contabilidade, finanças e mercado. Tem algum tema que você gostaria de ver por aqui? Deixe sua sugestão nos comentários.
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